Este país não é serio.

Ja dizia Charles de Gaulle após ter visitado o Brasil em 1959 "Este não é um país serio". De fato, o ex-presidente francês não estava errado. É impressionante como no Brasil as coisas são movidas pelo "jeitinho brasileiro" e tudo se resolve. No dia 19 de Abril deste ano, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília(CESPE) lançou o edital para a abertura do segundo vestibular da Universidade de Brasília(UnB) de 2010 que seria realizado no dia 19 e 20 de Junho deste mesmo ano. Muita polêmica foi criada devido a escolha da data uma vez que, coincidia com uma partida de futebol do Brasil na copa do mundo. Contudo, o mais intrigante não esta ai.
Sendo hoje dia 25 de Maio, Faltava apenas 25 dias para a realização das provas e, sem muita explicação, o CESPE oficializa para a surpresa geral que as datas de realização das provas serão alteradas para o dia 17 e 18 de Julho. O jornal Correio Brasiliense publicou em sua edição de hoje que o decanato da UnB estava cogitando a possibilidade de mudar a data do processo seletivo mas que qualquer decisão somente seria tomada na semana seguinte. O que aconteceu na verdade foi que as 10 horas deste mesmo dia já havia se oficializado a decisão e sinceramente para mim isso é uma falta de respeito.
Não há dúvidas de que a Universidade de Brasília, antes de tomar a sua primeira decisão, já tinha conhecimento sobre os problemas que a data proposta traria e se escolheu tomar essa decisão foi por responsabilidade própria.
Será mesmo que a administração da universidade foi tão ingênua a ponto de imaginar que não haveria problemas com o número de fiscais, com o barulho que seria provocado perto dos locais de prova e com a falta de compromisso que alguns funcionarios teriam ?
Bom pelo visto parece que sim. Ou pelo menos é isso que ela nos quer fazer acreditar pois foram estes os motivos que o CESPE usou como argumento para a mudança de data. Honestamente, eu não me surpreenderia se soubesse que a troca de datas foi realizada para possibilitar folga aos funcionarios do CESPE e da UnB enquanto estivesse acontecendo o copa do mundo. Em um pais como o nosso, o futebol fala mais alto do que qualquer coisa importante e nós devemos achar isso normal. Pior que realmente existem pessoas que acham isso normal.
Para alguns inresponsáveis que não estavam ligando muito para o vestibular esta mudança pode não ter significado nada ou pode ter sido maravilhosa, mas creio que para muitos foi algo ridículo. Como uma universidade que se diz seria tem coragem de mudar as "regras do jogo" faltando menos de um mês para o mesmo ocorrer? Como fica a situação dos candidatos que planejavam viajar com a família? Como fica a situação dos que sairiam de outros estados apenas para realizar a prova no Distrito Federal? Como fica a situação de pessoas que perderam as inscrições de outros vestibulares por coincidirem ou serem próximos ao da UnB? E principalmente a situação de quem não poderá mais realizar a prova em virtude da nova data? O pior de tudo é que a reitoria e o decanato devem a essa altura estar rindo de tudo isso. Afinal, o problema é nosso não é? E nós já pagamos a inscrição mesmo então tá tudo ótimo! Enquanto a reitoria puder usar dinheiro público para compra "latas de lixo" por 1000R$ tá tudo numa boa.
Neste país meu amigo, quando se trata de educação, o que se diz e se descobre é vergonhoso. Veja a própria greve da UnB. 3 meses de greve e alguma coisa de concreto foi decidido? Valeu a pena perder tanto tempo para o que se foi debatido e acertado? Isso é vergonhoso. E quem paga, são os universitários. Vale citar também o episódio do novo ENEM que ocorreu ano passado. Como o Ministério da Educação pôde ser tão sínico na época? As declarações ouvidas faziam pensar que o ministério era uma vítima do roubo das provas. Quando na verdade, era ele o culpado, pois a falta de organização e de compromisso com as provas foi sua.
Mas foi como eu disse no começo desta postagem. Neste país, sempre se dá o "jeitinho brasileiro". O governo Lula tá indo embora e muitas perguntas não foram respondidas ou foram mal explicadas e vão continuar sendo assim. Para piorar as coisas, o brasileiro tem a memória curta e permite as coisas a permanecerem do modo em que se encontram.

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